terça-feira, maio 09, 2006

À espera de Bolonha...


“O Processo de Bolonha corresponde ao propósito da construção do Espaço Europeu do Ensino Superior, coeso, competitivo e atractivo para docentes e alunos europeus de países terceiros. O Processo de Bolonha visa a construção de um Espaço Europeu do Ensino Superior que promova a mobilidade de docentes, de estudantes e a empregabilidade de diplomados.”[1]

Qualquer estudante ou docente que se interesse por questões educativas, está hoje em dia a par do Processo de Bolonha.

Positivo? Negativo?

A verdade é que não há muitos entusiastas e as notícias que correm dão-nos conta de protestos estudantis espalhados um pouco por todo o país. Os estudantes não concordam com a redução dos seus cursos de cinco ou quatro anos, para três apenas. A maioria dos estudantes não concordam com “Bolonha” e imaginam que a “qualidade das licenciaturas só perderá com tamanha redução”, como referiu o estudante Miguel d’Almeida que não deixa de notificar aspectos positivos, como por exemplo, “uma melhor comunicação com outros países.”

Não sendo este um exemplo único, muitos jornais têm noticiado a constestação dos estudantes contra o processo de Bolonha, como referiu o "Jornal de Notícias", na sua edição de 29 de Abril deste ano, uma vez que cobriu uma manifestação de alguns alunos em Coimbra, cidade onde já no ano que vem, dois cursos vão avançar com o Processo de Bolonha, "Este ano, em Coimbra, já vão avançar duas licenciaturas com base no Processo de Bolonha - Psicologia e Engenharia Informática -, o que incomoda quem já anda a tirar o curso porque se questiona sobre a qualidade do ensino e sobre as perspectivas futuras para arranjar um emprego, dado que grande parte dos desempregados em Portugal são licenciados em cursos com um grau de qualidade muito elevado." A contestação é geral e a palavra de ordem foi, "Este Governo não tem educação". [2]
Apesar de ser verdade que o Processo de Bolonha está em vias de ser implementado, sinto-me na “obrigação” de fazer uma breve contextualização, visto que acredito que nem todos saibam o que é “Bolonha”.

“Em Junho de 1999 os Ministros da Educação de 29 Estados Europeus, entre os quais Portugal, subscreveram a Declaração de Bolonha que contém, como objectivo claro, o estabelecimento, até 2010, do Espaço Europeu de Ensino Superior, coerente, compatível. Competitivo e atractivo para estudantes europeus e de países terceiros.” [3]


As linhas de acção do Processo de Bolonha são:

1. Adopção de um sistema de graus comparável e legível;
2. Adopção de um sistema de Ensino Superior fundamentalmente baseado em dois ciclos;
3. Estabelecimento de um sistema de créditos;
4. Promoção da mobilidade;
5. Promoção da cooperação europeia no domínio da avaliação da qualidade;
6. Promoção da dimensão europeia no Ensino Superior;
7. Promoção da aprendizagem ao longo da vida;
8. Maior envolvimento dos estudantes na gestão das instituições de Ensino Superior;
9. Promoção da atractibilidade do Espaço Europeu do Ensino Superior;

Nos dias que correm, penso que uma pessoa só beneficia de uma possível mobilidade. O Processo de Bolonha vem-nos dar a possibilidade de conhecer outras culturas, estudar noutros locais e beneficiar da troca de pensamento com outras pessoas. Tudo isto, com a garantia que o sistema de ensino não nos prejudicará, ou seja, teremos as mesmas disciplinas e o mesmo sistema de avaliação aqui, ou no estrangeiro.

“A mobilidade constitui, por si só, uma fonte de aprendizagem; o contacto com regiões diversas e com as diferentes realidades linguísticas, culturais, sociais e religiosas, representa um contributo decisivo para a dimensão europeia, para a educação para a cidadania e para o desenvolvimento.”[4]

Creio que a nível pessoal, só vamos beneficiar com uma mudança a este nível. No entanto, como em todas as mudanças, não será fácil habituarmo-nos a um sistema de ensino totalmente diferente. Não posso deixar de referir que uma redução dos cursos não será obrigatoriamente sinónimo de maior empregabilidade. O facto de sermos licenciados mais cedo não quer dizer que estaremos mais qualificados e com melhores perspectivas de emprego.
Ao nível do mercado de trabalho, sou da opinião que é um sistema totalmente inovador que torna o indivíduo cada vez mais responsável. Estamos às portas da chamada “Sociedade da Informação e do Conhecimento” e a verdade é que é preciso haver mudanças. Temos que nos assemelhar mais à Europa e o primeiro passo para uma integração saudável e eficaz, é começarmos pela educação.

Penso que a chegada do Processo de Bolonha está em perfeita consonância com os temas que temos debatido e estudado na aula. É um processo inovador, criativo e vem ao encontro da união dos vários valores de todas as culturas que nos rodeiam. A verdade é que vivemos num espaço dito “europeu” e a rapidez da informação, assim como os ciclos curtos, são uma constante.
No entanto, as diferenças que existem entre os povos do “velho continente” são inúmeras e é preciso começar a combater essas diferenças, lutando por uma maior homogeneidade, para podermos formar uma Europa mais unida, em perfeita sintonia.

[1] In http://www.territorio.pt/plano_accao_mces.pdf
[2] In http://www.territorio.pt/plano_accao_mces.pdf