quinta-feira, março 23, 2006

5º Congresso da CAIS

Por um Jornalismo Social!



Durante três dias, a Fundação Luso-America, situada na Lapa, recebeu ilustres convidados e convidadas que se deslocaram até lá, em busca de uma verdade que talvez não exista. O jornalismo social, na opinião de muitos é uma utopia, uma ilusão. Para outros, é o jornalismo da “Caras” que tem como personagem principal, Lili Caneças. O que é afinal o jornalismo social?
De entre os mais ilustres convidados, O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, com os seus dotes de comunicação bem destacados, fez valer a sua opinião em poucas palavras, “O Jornlismo Social engloba uma responsabilidade social da opinião pública”. No seu discurso de cerca de trinta minutos, o ministro limitou-se a defender o jornalismo social, aquele praticado pela Cais e que visa essencialmente chamar o cidadão à razão no que toca a responsabilidades sociais.
Joaquin Vieira, presidente do Observatório de Imprensa, trouxe-nos à mesa o assunto da agenda dos media. Aqui a ideia ficou-nos mais clara e é de facto, aquilo que acontece nos dias que correm, “a informação social não tem lugar de destaque na agenda dos media”, ou seja, a vida dos famosos é aquilo que dá audiências às cadeias de televisão e citando Pedro Coelho, jornalista da SIC, “nós trabalhamos para uma empresa e essa empresa tem que ter lucro senão o nosso trabalho de nada vale”. Joaquim Vieira apelou ainda à clara distinção que os meios de comunicação devem fazer, no que toca a interesse público e interesse do público.
Carlos Andrade, director-geral de publicações da Global Notícias, chamou-nos a atenção para o facto do nosso jornalismo, “a nossa comunicação social” ter “grandes falhas na cobertura de questões de fundo".
Emídio Rangel, apresentou-se, apesar de muito atrasado, um defensor do jornalismo que se pratica em Portugal. Optimista e com espírito crítico, tentou passar aos jovens a importância de lutarem por uma Ordem dos Jornalista, afirmando que "o sindicato tem um papel mais apagado e poucas jornalistas se deslocam até lá”.
Luís Osório, director das Rádios do grupo Media Capital, provocou uma troca de palavras mais fortes entre oradores. Defensor da nossa geração e dos valores que nos foram e são hoje transmitidos, defende que a sociedade é como é porque “os nossos pais nos educaram assim”. Seguro de que a culpa não é só dos jovens, apelou à consciência dos oradores mais velhos afin de assumirem a culpa do que se passa hoje em dia.
Em resposta a tais “agressões”, Óscar Mascarenhas defende que os jovens devem ter um papel mais activo na sociedade, o que se deveria reflectir na participação activa em eventos sociais, associações culturais, desportivas, partidárias, entre outras. Defende o Sincato dos Jornalista, talvez porque tenha sido presidente durante nove anos, não acreditando por isso, na eficácia de uma Ordem dos Jornalistas.
O privilégio de ouvir personalidades do nosso meio de trabalho, levou-nos a querer participar neste congresso. De facto, foi um honra poder ouvir vozes sábias e com experiência no jornalismo dos dias de hoje.
Vicente Jorge Silva, jornalista e colunista do Diário de Notícias, “acordou” a plateia com a sua boa disposição e sabedoria, falando-nos do "jornalismo como fim em si mesmo”. Defende que o jornalista deve ser objectivo, acreditando na objectividade pura, valor que vai contra os ensinamentos que nos transmitem nos meios universitários. Sabedor mas pouco optimista, Vicente Jorge Silva, não confia na situação existente, afirmando existir uma “generalização do formato tablóide, tanto a nível de formatos como de conteúdos”. “As televisões dominam a imprensa e por isso mesmo, a imprensa vai atrás das audiências da televisão”. Para o jornalista, vemos hoje em dia, que há uma generalização da degradação dos padrões éticos e esta falta de responsabilidade tem que ser assumida pelo próprio jornalista.
Gostaria de deixar um agradecimento à Professora Carla Ganito, por nos ter possibilitado a ida ao 5º Congresso da CAIS. Foi um experiência muito positiva e um prazer ouvir todos os intervenientes. Tiro destes três dias uma simples conclusão: a ouvir outros jornalistas com mais sabedoria, é que aprendemos de facto, o que é o jornalismo e o que é ser jornalista nos dias que correm.